O milho e o farelo de soja são os principais ingredientes utilizados na formulação de rações para suínos em virtude de sua composição nutricional que permite a complementariedade de seus nutrientes.
Em momentos estressantes, como desmame, mudança de dietas e desafios ambientais, palatabilizantes são comumente usados em dietas de leitões para melhorar a aceitação da dieta e estimular o consumo, assim gerando benefícios zootécnicos para os animais.
Na tentativa de diminuir este desperdício, a transformação de resíduos em coprodutos para alimentação animal é uma alternativa sustentável que nos auxilia a melhorar a palatabilidade da dieta.
Os principais ingredientes presentes nos resíduos que serão transformados em coprodutos são farinha de trigo, gorduras e açucares, mas sua composição é muito variável em função da variedade de matérias primas originalmente utilizadas.
Por possuírem ingredientes de alto valor agregado, estes resíduos expressam ótimos valores nutricionais aos animais. Segundo Boggess et al. (2008) estes resíduos normalmente possuem altos valores em energia, em função de elevados níveis de açúcares e gorduras, conteúdo de proteína e lisina similar ao milho
Nesse sentido, trabalhar estrategicamente com alimentos digestíveis e palatáveis é fundamental para garantir o desempenho animal na fase de creche pois trata-se de uma fase crítica em razão de agentes estressores, por qual o animal passa, como o desmame, o reagrupamento, a mudança na alimentação, e a mudança de ambiente
Kwak & Kang (2006), observaram que o uso de resíduo de padaria propiciou maior consumo em suínos em terminação e que o desempenho apresentado pelos animais foi similar aqueles alimentados com dieta a base de milho e soja.
Em um estudo conduzido por Corassa et al (2013), foi avaliado o desempenho e viabilidade econômica da inclusão de 15% e 30% de coproduto na dieta de leitões na fase inicial até 21 dias de vida, comparado com a dieta controle sem a utilização de coproduto.
Ao considerar o período total, observou-se que leitões alimentados com dietas contendo 15% de farelo de biscoito apresentaram melhor (P≤0,05) conversão alimentar que aqueles da dieta controle, mas não diferindo estatisticamente daqueles do tratamento com 30% de farelo de biscoito. Mesmo com valor numérico melhor de conversão alimentar, os animais do tratamento contendo 30% de farelo de biscoito, não diferiram daqueles do tratamento controle.
Houve poucos registros de presença de fezes com consistência pastosa ou aquosa em toda avaliação, demonstrando que a inclusão do farelo de biscoito não influencia a frequência de diarreias de origem nutricional para leitões na fase inicial. A alteração da osmolaridade intestinal é uma das causas da ocorrência de diarreia em leitões, o que pode ser causada pelo excesso de sódio na dieta. Este nutriente, pode se apresentar com valores elevados, dependendo da origem do farelo de biscoito utilizado.
Rostagno et al. (2005) sugerem as inclusões máximas de farelo de biscoito de 15, 20, 30, 20 e 20% em dietas para suínos nas fases inicial, crescimento, terminação, gestação e lactação, respectivamente. Obviamente as inclusões ideais devem levar em consideração a composição nutricional do produto, principalmente quanto aos aspectos que podem influenciar negativamente o desempenho dos animais, além das condições de viabilidade quanto ao preço e disponibilidade local
Entre as principais limitações do farelo de biscoito diz respeito à variabilidade de sua composição, entretanto quando bem trabalhado pela fabricante de coproduto, pode-se obter um produto com níveis nutricionais estáveis durante o ano.
Observou-se que a inclusão do farelo de biscoito permitiu reduzir a inclusão de milho nas dietas sem prejudicar o desempenho dos animais, fato importante, tendo em vista a grande participação deste ingrediente em rações para suínos.
Leitões na fase inicial alimentados com dietas contendo 15% de inclusão de farelo de biscoito apresentaram melhor conversão alimentar. A inclusão de até 30% de farelo de biscoito em dietas não altera o desempenho e a consistência das fezes de leitões na fase inicial. A inclusão de 15 e 30% de farelo de biscoito em dietas de leitões na fase inicial melhora a viabilidade econômica das rações.
Adaptado de CORASSA, A.; BALLERINI, K.; KOMIYAMA, C.M.; PINA, D.S.; BALLERINI, N.; DAL MAGRO, T.R. Farelo de biscoito em rações para leitões na fase inicial. Comunicata Scientiae, v.4, n.3, p.231-237, 2013.